segunda-feira, 19 de março de 2012

Espiritualidade na Universidade - Mato Grosso do Sul (1ª parte)


Um desafio possível no Mato Grosso do Sul?
Lídia Maria Gonçalves

Esse texto tem o objetivo de compartilhar um pouco da experiência vivenciada no MS, no processo de inserção da temática envolvendo Espiritualidade dentro das Universidades do Estado.

O primeiro aprendizado que extraí desse processo no MS diz respeito à demanda reprimida existente para esse assunto. Fomos, aqui, apenas instrumentos, muitas vezes enferrujados, mas úteis. As iniciativas, depois, explodiram-se em frutos, em repercussões, em renovação de ideias. Muitas vezes, os nossos passos vacilantes encontravam oportunidades antes não vislumbradas, facilidades e “acasos” que nos surpreendiam.

Por que então colocar no título do texto a palavra desafio já que as coisas não se mostraram assim tão difíceis? Talvez a razão para isso seja a “Lídia-jovem”. A Lídia de 2009, que se deparou com a necessidade de se criar uma Liga Acadêmica dentro da Universidade. Quando me lembro de mim naquela época, recordo-me do medo, da insegurança e da sensação patente de ter um enorme desafio em mãos. Acho que é exatamente para esse acadêmico que eu escrevo hoje. Para aquele que se sente com um desafio em mãos. Com medo de não dar conta, medo de preconceitos, medo do amanhã; quando as coisas parecem maiores do que nós mesmos, e nos sentimos tão pequeninos, tão fragilizados. Escrevo, então, para a Lídia de dois anos atrás, a “Lídia-jovem”...


A primeira coisa que tenho, então, a dizer é que esse desafio não é tão desafiador assim. Isso me faz recordar a fala de uma amiga, Dra Marlene Nobre, que aconselhou a não dar tanto foco mental para as dificuldades, visto que, em verdade, as maiores já haviam sido transpostas pelos nossos precursores. O mato grosso já teria sido aberto por pessoas de exímio gabarito. Agora, o terreno já estava arado, a sociedade mostrava-se favorável, e o momento oportuno. Para ser honesta, o que senti naquele instante beirou a vergonha. Vergonha por me focar muitas vezes nas dificuldades quando deveria estar agradecendo por já encontrar uma realidade tão favorável à inserção dessa temática no meio acadêmico. E eu, que já não era tão jovem assim em setembro de 2011, lembrei-me da “Lídia-jovem” de outrora. Talvez, então, o texto sirva a todos, “veteranos e calouros” que se propõem ao trabalho...

E mesmo aqui, em meio ao literal mato grosso “do Sul”, os semeadores já haviam realmente preparado o terreno. Tudo que tínhamos de fazer era iniciar o trabalho; um passo de cada vez. Tudo começou com muito aprendizado, inclusive o dos pré-requisitos necessários para que uma Liga Acadêmica obtivesse êxito: a utilização de uma linguagem científica nos debates, do raciocino científico como ferramenta para a construção de conhecimento, e a separação clara entre espiritualidade e religiosidade.

Naquela época, tudo que desejávamos era uma receita de bolo. Ah, como queríamos uma receita de bolo! Que dissesse quais ingredientes colocar nas reuniões na Universidade, em que quantidade, e por quanto tempo. Uma receita que dissesse exatamente o que iria funcionar. Mas como já era de se esperar, a receita não existia. Talvez, desse anseio tão profundo é que tenha surgido a ideia de uma Cartilha, elaborada mais tarde. Mas mesmo esta não funciona como receita. Isso, porque cada localidade demonstra características próprias em alguns detalhes.


Não havia receita de bolo, mas havia um homem do mundo em meio ao mato grosso “do Sul”. Seu nome: Décio Iandoli Jr. Sua característica: inspirar e orientar. E foi assim que começamos o trabalho. Em setembro 2010 realizamos o I Seminário de Saúde e Espiritualidade, com Décio Iandoli Jr. e o Capelão Edílson Reis como palestrantes. Esse evento marcou o inicio das atividades de um grupo de estudos sobre saúde e espiritualidade. No evento, divulgamos o grupo e pedimos que os interessados se inscrevessem. Esse grupo não era “oficial” na Instituição; nós apenas reservamos uma sala e começamos a estudar o livro Espiritualidade no Cuidado com o Paciente, do Dr. Harold Koenig. O objetivo era detectar as necessidades dos acadêmicos e assim montar um cronograma e a parte burocrática das Ligas. As reuniões desse grupo foram muito estimulantes; de muito crescimento para todos, além de ter trazido confiança para a criação de Ligas.

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